Organizador Marcos Nascimento lança coletânea contra o racismo
Estamos passando por um momento crítico na história mundial, a pandemia (COVID-19) desestabilizou o mundo de uma tal maneira que ainda é incalculável o percentual da catástrofe, enquanto isso temos que reaprender a viver, e continuar a caminhada é preciso. Por isso temos que a cada dia lutar contra os problemas que já existiam e que se “agravaram” com a chegada da pandemia, uma vez que o mundo estava em estado de atenção para a temível Covid-19, logo esqueciam de outros velhos e perigosos problemas, como: violência contra a mulher, assaltos, racismos e entre outros. E todos esses mencionados problemas aumentaram em mais de 60% segundo notas midiáticas.
Em especial queremos falar do racismo, um “caduco” problema, conhecidíssimo de todos nós, e que voltou a estampar capas de revistas e jornais do mundo todo (O racismo), o caso George Floyd, é apenas um entre milhares e milhares, que aconteceram e que estão acontecendo neste exato momento em que você está lendo este post.
Não podemos nos calar de ante dessas e outras atrocidades que acontecem todas as horas, minutos, segundos e dias. Devemos dar um basta, reagindo, se posicionando contra e dizendo não. Pensando neste ponto, a Editora MWG lançou a ideia da produção de uma coletânea contra o racismo, não foi nada fácil reunir os escritores para esta empreitada, afinal o tema é muito intrigante e há muita divergência, mas enfim nasceu e é sucesso, a coletânea Eu Crioulo, foi lançada no último dia 14 /08/2020 através de uma produção de vídeo e exibida no canal da Editora no Youtube, sob a organização do escritor e poeta Marcos Nascimento. A coletânea é composta por diversos escritores do país, cada um expressando em linhas sua indignação contra esse sentimento maligno.
vídeo de lançamento da obra “Eu Crioulo”
Canal Editora MWG acesse
Racismo, não!
Falar deste tema não é fácil, principalmente quando se é negro. Mas irei me despir aqui e falar do geral. É corriqueiro vermos, em noticiários, matérias que envolvam o racismo. Até quando a cor da pele será motivo para tantas barbáries? A cor da pele é apenas um motivo para esconder sanguinários inescrupulosos? Você já parou para pensar que, sempre quando “a maioria” não gosta de um negro (ou de uma pessoa de qualquer outra etnia), eles são tomados por uma gana de morte? E não cessam até saciar essa “vontade” macabra”?
O racismo é um câncer que nasceu e cresceu entre a humanidade. Não tomaram ciência que esse “câncer” era maligno e, hoje, estamos à mercê desta enfermidade – que tomou uma proporção exacerbada. Famílias inteiras são destruídas, todos os dias, por causa dessa doença chamada racismo. Quando se mata um filho negro, toda a sua família morre junto.
O racismo está infiltrado pelos cantos. Ele vive disfarçado no discurso de políticos “protetores” dos direitos humanos, em professores que deveriam ensinar que esse sentimento é uma coisa tola, em pessoas do “bem” (que deveriam exercer a caridade), em membros das Forças Armadas e da Polícia Civil e Militar. Onde iremos parar, com esse mundo seguindo na contramão da bondade e da igualdade?
A intolerância racial cresce a cada dia, dissipando seres humanos e famílias, enterrando sonhos e projetos. Vários caminhos são interrompidos. Enquanto isso, tentamos sobreviver; não nos vitimizando, mas lutando por um mundo justo e igual para todos. Lutamos sem praticar o racismo reverso. Batalhamos sem precisar de cotas. Isso nos separa e, assim, não há igualdade.
Negros, mulatos ou crioulos: somos iguais em direitos e amor. A cor da pele não revela nosso caráter, muito menos nossa qualidade. Nascemos para crescer e morrer. Não há diferença entre mim e você.
Todos contra o racismo!
AUTORA DESTAQUE DA COLETÂNEA EU CRIOULO
JAMILLE DESCOBRIU O RACISMO
Temos vivido nos últimos dias diversas formas de intolerância, racial. São jogadores de futebol, sendo chamados de macacos, atendentes de lanchonete, sendo agredidos e xingados, gente anônima e famosa sendo
discriminada por causa de sua negritude. E muita gente insiste em dizer que não há racismo no Brasil, que somos um povo miscigenado e alegre, o velho mito da democracia racial. Descobri a minha negritude e tudo o que ela representa aos sete anos de idade. Desde então, todos os dias o racismo bate a minha porta, mas tem dias que ele bate mais fundo, mais alto. A descoberta se deu na escola,
durante uma brincadeira de pique. Um menino bateu na minha cabeça e gritou:
“neguinha, preta, feia!” levei um susto. Afinal, as lindas tranças que a minha mãe fazia todos os dias no meu cabelo crespo, enfeitadas com fitas que combinavam com o uniforme e sapato, me faziam acreditar que eu era uma
princesa africana. As palavras daquele menino ecoaram dentro de mim como um trovão. Imediatamente, parei de brincar e me refugiei num canto, senti as pernas tremerem, um enjoo e ânsia de vômito. Nunca esqueci daquele dia, nem do menino. A partir de então comecei a elucidar comportamentos que até então eram um mistério para mim. Entendi porque algumas meninas brancas não gostavam de brincar comigo e por vezes faziam cara de nojo quando eu me aproximava, compreendi também a atitude do menino que eu insistia em paquerar, mas que se fazia sempre de desentendido. Enfim, descobri o racismo nosso de cada dia.
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